sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A importância de cada instante

"Converse", por Devyn Galindo
Uma vez, uma pessoa me disse que todo instante é importante, pois a todo instante algo novo pode acontecer, e isso pode mudar nossas vidas para sempre. Eu anui a cabeça, concordando e achando que tinha compreendido tudo, quando na verdade não havia entendido direito. Foi só durante a chacina de Paris que eu fui entender genuinamente o significado daquelas palavras.
Boa parte das pessoas atingidas (física ou emocionalmente, ninguém que presenciou aquele momento de terror saiu ileso) estava se divertindo em um show. O estádio em que aquelas pessoas estavam representava uma barreira, que as deixava do outro lado do mundo, um lado onde elas poderiam esquecer de seus problemas por algumas horas; um lado onde todos os habitantes daquela parte do mundo falavam uma só língua e uniam-se como uma grande família. Deveria ser assim até o fim do evento, quando então cada um dos membros da grande família voltaria para suas vidas normais, focar em seus problemas pessoais; e o que até então unia cada um dos espectadores seria quebrado, transformando-os novamente em meros estranhos. Mas um instante mudou tudo. Em apenas um segundo, a energia compartilhada por todos presentes na arena se dissipou abruptamente. O ambiente, antes repleto de vida, foi transformado em um palco para a auto-destruição humana, obrigando todos a assistirem o banho de sangue. E bastou apenas um instante para que essa radical mudança acontecesse.
Em um instante, o Rio Doce foi contaminado por lama tóxica, antes de ser completamente morto pela mesma.
Em um instante, milhares de crianças viviam suas vidas juvenis na Síria; no outro, foram mortas por mísseis franceses/americanos/russos.
Em um instante, nascemos. Em um instante, morremos.
Cada instante de nossa existência carrega um poder perigoso, grandioso demais para calcularmos. Cada instante deve ser vivido com cautela, reflexão e compaixão. A cada instante, devemos pesar nossas escolhas, e ver se estas não nos tornam um pouco parecidos com os membros da ISIS, intolerantes. Ou como os CEOs da Vale e Samarco, apáticos e cegos. Ou até mesmo como as autoridades francesas/americanas/russas: escassas de compaixão.

2 comentários:

  1. Seu texto me tocou de uma forma bem profunda, temos mesmo que nos "policiar" pra não nos tornar pessoas amargas, intolerantes, cheias de odio, sem compaixão e amor ao proximo, afinal tudo que desejamos e sentimos volta pra nós de alguma forma né?!
    Bela reflexão, linda demais! <33
    beijos!!
    http://cheiade-alegria.blogspot.com.br/

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    1. É estranho como achamos que nos conhecemos e quando paramos para analisar nossas opiniões em relação a casos como esses mencionados no texto temos uma surpresa, né?
      Fico feliz que tenha gostado da reflexão, de verdade <3 :D

      Beijinhos,
      Larissa

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